segunda-feira, 12 de agosto de 2013

O direito

-         Quando tudo acabar eu voltarei.
-          Certo...
-          É naquela direção que vai olhar.
-          Ali?
-          Isso, aqui.
-          Ai?
-          Não, aqui.
-          Aqui?
-          É.
-          E depois?
-          E depois espere o vento te alcançar.
-          Pra quê?
-          Para tudo dissolver e borbulhar, e deixar de haver.
-          E o que existirá no lugar?
-          Nada.
-          Nada? Não é possível. Tudo se transforma em algo...
-          Sim, dará lugar ao vazio que engolirá tudo o que lá existe.
-          Não sei, não sei se suportarei um vazio... De que tamanho?
-          O vazio?
-          É.
-          Do tamanho de tudo. Volume em constante expansão e de grande peso.
-          Um vazio que preenche e afoga.
-          E sufoca.
-          E afoga.
-          E afoga.
-          Não tenho medo da morte, já te disse.
-          Isto não tem nada a ver.
-          Não vou morrer?
-          O jejum será incondicional.
-          Difícil... Me perderei.
-          E por fim a queda, um presente.
-          E assim, você voltará?
-          Não, voltarei apenas no fim.
-          Mas você disse que haverá um queda... Será o meu fim!
-          Não, a queda é o início de tudo.
-          Será funda?
-          Dura.
-          Estarei sozinho?
-          Sim, você terá o direito de se levantar.
-          (silencio)
-          Vou indo, nos encontramos em breve. De pé e quando nada mais foi igual.


Barbara

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