- Quando tudo acabar eu voltarei.
-
Certo...
-
É naquela direção que vai olhar.
-
Ali?
-
Isso, aqui.
-
Ai?
-
Não, aqui.
-
Aqui?
-
É.
-
E depois?
-
E depois espere o vento te alcançar.
-
Pra quê?
-
Para tudo dissolver e borbulhar, e deixar de
haver.
-
E o que existirá no lugar?
-
Nada.
-
Nada? Não é possível. Tudo se transforma em
algo...
-
Sim, dará lugar ao vazio que engolirá tudo o que
lá existe.
-
Não sei, não sei se suportarei um vazio... De
que tamanho?
-
O vazio?
-
É.
-
Do tamanho de tudo. Volume em constante expansão
e de grande peso.
-
Um vazio que preenche e afoga.
-
E sufoca.
-
E afoga.
-
E afoga.
-
Não tenho medo da morte, já te disse.
-
Isto não tem nada a ver.
-
Não vou morrer?
-
O jejum será incondicional.
-
Difícil... Me perderei.
-
E por fim a queda, um presente.
-
E assim, você voltará?
-
Não, voltarei apenas no fim.
-
Mas você disse que haverá um queda... Será o meu
fim!
-
Não, a queda é o início de tudo.
-
Será funda?
-
Dura.
-
Estarei sozinho?
-
Sim, você terá o direito de se levantar.
-
(silencio)
-
Vou indo, nos encontramos em breve. De pé e
quando nada mais foi igual.
Barbara
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