sexta-feira, 27 de julho de 2012

Resumo da Ópera

Minha produção no metrô e no trem é assustadora.

Escrevo para organizar a cabeça, mas se a cabeça não está organizada não escrevo.

Não quero mais ser sanfona.
Inchar e desinchar.
Afinar e desafinar.
De quem são as mãos que fazem isto comigo? Não mais.
Só vou oscilar através de um comando natural, apenas com o entrar e sair do ar.

Todas as Portas seguem um mesmo Calendário.

Eu vejo nuvens estranhas.
Não identifico o aquilo que nunca vi. Será? Qual gosto terá quando provar aquilo que nunca provou? Eu lhe digo, será amargo, de amarrar a boca. Puxará todos os nervos do seu rosto. O melhor gosto que já provou. Obrigado.

Tudo está nos olhos de quem vê.

Inspirou-me
Acessou-me                                       foi assim com pequenos minutos.
Aprofundou-me


Barbara

domingo, 22 de julho de 2012

Momento

Algumas músicas me fazem acreditar que vai dar certo, que tudo vai se acertar. Quando me emociono escutando-as, nunca é de tristeza, mas apenas de uma esperança que preenche e de uma alegria cúmplice.

Acho que faço questão de esquecer este sentimento dali alguns momentos, para voltar a sofrer. Se não perde a graça... Mentira.


*

A incerteza é que envenena, quase é insuportável viver com ela. Ela impede de prosseguir e impede de ficar parado em paz. Ela transforma tudo que é externo numa inércia eterna, e o que é interno em movimento desenfreado constante. Viver nesse descompasso vibracional, viver nesta forma de desarmonia tão aguda, é que é viver na incerteza. Não se aguenta.
O curioso é quando uma solução ou uma resposta aparece, negamos. Como se viver naquela angústia constante fosse mais correto; como se fosse muito fácil assim, como se fosse impossível possuir uma certeza. Mas ao mesmo tempo impossível ser torturado pela sua ausência.
Mas então torna-se impossível viver na incerteza e impossível achar uma certeza. Logo, onde se vive? Na margem?
A incerteza sufoca. Alguns dizem que instiga, que aquece... Mas isto só acontece se todo o resto está imerso em certezas. Se, ao contrário, não houver uma base sólida e segura, tudo se torna improvável e muito custoso.

*

Eu acredito tanto que as coisas não são impossíveis, mas me pego agindo como se fossem.



Barbara

domingo, 15 de julho de 2012

Perguntas e Respostas

Único critério para escolha de pessoas: faixa etária de 20 a 30 anos.
Destaquei em itálico, os pontos de correlação entre elas.
No próximo post discorro sobre o que acho que devo discorrer.


1. Qual a sensação que está sobre a sua pele?
B: Como se eu estivesse cinco centímetros acima do meu corpo, a temperatura é morna e tudo é mais lento.
L: Suavidade e cansaço.
T: Calor e ansiedade.
D: De frescor.
M: Arrepio.
B2: Eu sinto uma sensação de um campo de energia que flui.
A: Nada de extraordinario, sem arrepios, só um calor aconchegante... Como se fosse um abraço.

2. Você está bem afinado com o ambiente?
B: Muito mais do que já estive, mas buscando sempre estar mais.
L: Acho que sim. Depende da música que penso, ou ouço.
T: Não com o de São Paulo.
D: Sim.
M: Hoje afino e desafino.
B2: Sim, independente do ambiente em que eu estive ultimamente.
A: Não, existe uma discórdia constante, uma falta de empatia e afinidade. Pode-se dizer algumas vezes que é hostil, mas na maior parte das vezes falta algo acolhedor...E aquela pergunta "o que eu estou fazendo aqui?" se repete, muito muito muito... Algumas vezes vem uma sensação de que eu sou uma alienígena esperando meus amigos alienígenas aparecerem. Porque é muito assustador se dar conta de como isso não te encaixa.

3. Você se sente disposto?
B: Agora sim.
L: Sim.
T: Não.
D: Sim.
M: Um pouco cansada.
B2: Atualmente, sim. Muito.
A: Sim...Consigo abrir os olhos e sair da cama. Quero fazer as coisas, ir trabalhar, estar no meio de pessoas, conversar com elas..

4. Alguns minutos de corrida te faz sentir-se vivo ou morto?
B: Muito viva. Quanto mais cansado, e mais no limite, melhor.
L: Morto e feliz.
T: Viva, pós sensação de quase-morte.
D: Sinto-me viva, com o sangue quente e o rosto vermelho.
M: Viva!
B2: Vivo, muito vivo.
A: Depende, perder o ônibus nunca é bom e estar atrasada também não. (risos)

5. Sente prazer em se arrumar antes de sair de casa?
B: É um exercício constante.
L: Sinto prazer! Fico bem comigo.
T: Sim.
D: Sim, mas às vezes queria ser mais vaidosa.
M: Esta semana não muito, sem poder me maquiar.
B2: Não diria prazer, mas eu gosto de sair com as roupas do meu armário.
A: Algumas vezes sim, outras não... Sim naqueles momentos, em que você se gosta, em que você se olha se ama e se aceita. Não naqueles momentos em que você se gosta se aceita e quer que as pessoas vejam também que você não ta nem ai, ainda tem aquelas situações que você quer ser invisivel pra 90% da população...ué pode acontecer!

6. Comer é uma obrigação ou uma dedicação?
B: Uma dedicação, que anda exigindo mais atenção.
L: Cada vez mais é uma dedicação.
T: Dedicação e por vezes culpa.
D: Um prazer com dedicação.
M: Dedicação.
B2: É mais uma dedicação.
A: Comer, uma dedicação, que da muito prazer. Nos momentos de tristeza profunda é uma obrigação.

7. Seu corpo está em excesso?
B: Sutilmente, e por um breve momento.
L: Não! Já me “odiei” um dia.
T: Sim, de stress.
D: Sim, muito.
M: Um pouco.
B2: Não.
A: A mente sim, de tanto pensar, pensar e pensar...O corpo algumas vezes é esquecido, nessa lógica, acho que algumas vezes esqueço do corpo.

8. Você se movimenta com agilidade e suavidade?
B: Sim, muito mais do que antes. E busco suavizar mais.
L: Suavidade sim. Agilidade principalmente, trabalho contribuiu muito.
T: Sedentariamente, não.
D: Suavidade não, mas agilidade sempre.
M: Na maioria das vezes sim.
B2: Sim, eu ando de skate buscando suavidade e agilidade.
A: Eu sou muito lerda, a suavidade é tanta que é quase aquela música do Martinho da Vila "é devagar , devagar devagarinho.."

9. Há mais planos do que tempo?
B: Sempre.
L: Há mais planos do que execução.
T: Sempre. O de dominar o mundo principalmente.
D: Não, há uma programação do tempo livre.
M: Sim!!
B2: No momento, os planos estão de acordo com o tempo.
A: Poucos planos... Planejar de mais perde a naturalidade da vida.

10. Qual é a sua sensação no caminho para o trabalho?
B: Se não dirijo é um prazer etéreo. Se dirijo, busco fazer o possível para ser o mais prazeroso. O fato é que canto muito, e fico comigo mesma.
L: A melhor possível. Pois venho andando e às vezes ouvindo musica, cantando. Sensação de agradecimento constante a vida, por justamente poder andar todos os dias, pensar durante o caminho e em direção ao trabalho! Por tudo o que já vivi em relação ao trabalho, sinto-me muito satisfeito e agradecido.
T: All over again, ou same shit. (Brincadeira... Verdade).
D: Mais um dia para a minha aposentadoria.
M: Alegria.
B2: Sensação de prazer e desafio, porque eu vou de skate.
A: Ansiedade e uma infinidade de perguntas, eu não gosto disso.

11. Qual é o seu humor nas noites de domingo?
B: Ultimamente tenho experimentado melancolia profunda, e uma sensação de que o tempo não passa. Como se eu conseguisse fazer um milhão de coisas, em apenas dez minutos.
L: Felicidade e dever cumprido. Folga na segunda!
T: Influenciável pelo fato de eu ter trabalhado muito ou não. Sempre uma pontinha de melancolia.
D:-
M: Bom!
B2: Agradável, sociável.
A: Puro mau-humor, e o Faustão tem muito haver com isso.

12. Quando você chorou pela ultima vez?
B: Ontem.
L: Fevereiro.
T: Se contar com choro engolido: sexta-feira. Hoje é domingo.
D: Há duas semanas atrás.
M: Sexta-feira. (Hoje é domingo).
B2: Eu me emociono com freqüência.
A: Ha um mês atrás, um daqueles momentos que você precisa aceitar a verdade que você não quer.

13. Quando foi a ultima vez em que você fez algo sozinho de forma prazerosa?
B: Ontem.
L: Hoje de manhã. Andei para o trabalho cantando.
T: Semana passada: Uma cerveja vendo o meu seriado favorito.
D: Não me lembro.
M: 06 de junho!
B2: Hoje.
A: Li um livro na varanda e tinha um solzinho.

14. Há grandes mudanças na sua vida?
B: Sim, constantemente e eu nunca espero por elas. Elas acontecem de forma imprevista e surpreendente.
L: Sim, muitas. Sempre para o bem, que assim seja.
T: Sim, por vir, não sei quais ainda.
D: Sim...
M: Sempre.
B2: Ultimamente, ocorreram algumas.
A: Não sei, e sei que não vou sentar e esperar, é melhor viver, sem pensar e ficar planejando minuciosamente cada detalhe. Existem as vontades, e ai você vai a luta, mas também é preciso aprender a lidar com a frustração.

15. Há mais medos ou desejos?
B: Desejos.
L: Desejos. Mas os medos persistem.
T: Medos, que geram desejos (de mudança).
D: Desejos.
M: Há medos e desejos...
B2: Desejos.
A: Medos... Algumas vezes chego a pensar que eles me controlam!

16. Quantos rostos estão na sua cabeça?
B: Cinco... Mentira, um.
L: Não entendi.
T: Inúmeros, conhecidos e não.
D: Três rostos estão comigo o tempo todo.
M: 20...
B2: Quatro dezenas.
A: Nenhum... Existe um branco intenso!

17. O caminho já se tornou incerto?
B: faz um tempo, pouco, mas um tempo;
L: Não.
T: Sempre. Ele é incerto.
D: Sim, algumas vezes.
M: Já.
B2: Sim.
A: Ele É incerto, quando você não espera, quando você não planeja, algumas vezes ele pesa por ser livre de mais! Mas existe alguma coisa quando você deixa acontecer! Mas pra isso tem que confiar

18. Você reza?
B: Sim.
L: Rezo. Aos santos do Candomblé, a Deus, aos bons espíritos, a São Jorge. Confuso? Não, protegido.
T: Converso.
D: Pouco, mas rezo.
M: Converso.
B2: Sim, algumas vezes ao dia.
A: Não...

19. Você agradece?
B: Sim. O máximo que consigo.
L: Sempre. Não seria justo o contrário.
T: (culpadamente) Muito pouco.
D: Sim, muito mais do que rezo.
M: Muito.
B2: Quando eu rezo, eu agradeço. Eu agradeço muitas vezes ao dia.
A: Sim o tempo todo! Estranho, não é? Normalmente as pessoas fazem isso rezando... E eu não rezo, só agradeço pela vida e pelas lições aprendidas.

20. Você é amado?
B: Sim.
L: Penso que sim.
T: Sim.
D: Sim.
M: Sou.
B2: Sim.
A: Creio que sim, me sinto amada por poucos.

21. Você sabe amar?
B: O melhor que pude aprender, mas não o suficiente. Eu sei deixar alguém me amar... acho que já alguma coisa, não é?
L: Sei. Se tem uma coisa que eu sei na vida é amar!
T: Não.
D: Estou agradecendo todos os dias e exercitando o ato de amar.
M: Aprendendo... sempre.
B2: Sim.
A: Sim eu tenho essa capacidade. Vamos coloca assim: Eu aprendo a amar todos os dias as pessoas em volta e a eu mesma. As coisas requerem um aprofundamento do que se conhece como diria o André Comte Sponville!

domingo, 8 de julho de 2012

Nasce tocado

Um dois três, ouço a canção outra vez.

Não há como dizer quando começou, isto nasce conosco, isso sim, nasce. Agora o que aparece é o desespero para que seja lido. Não por você, ou você, ou você, mas por aquele que sabe da dança, sabe do estremecimento que invade e fará o convite. Este sabe que o convite não deve ser feito um minuto antes, ou um minuto depois. Sabe que eu não posso recusá-lo de maneira alguma, e também sabe que no exato momento, isto seria completamente impossível para eu fazer.
As palavras vêm inteiras, as frases chegam prontas, o difícil é não perdê-las. Manter-se no fio... Mas não há como perder, não se escolhe, mas se é escolhido, isto é claro. Claro como água. Claro como os verdes olhos vistos na hora.
Só uma palavra que descreve a exata sensação de que Isto proporciona; sagrado. Não inventamos ainda nenhum outro conjunto de signos que descrevam com fidelidade. O sagrado se manifesta pelo estremecimento, e há mais de uma maneira de ser invocado... De ser cantado e ouvido, já achei uma porção delas. Mas como que por mágica, após usá-las, esqueço-as... Como se não pudesse mais lembrá-las. Só recordando quando a vida quer.
E então, tudo é atingido pela sensação completa compreensão. A lembrança vem à tona, como que esmagando os ossos...
Não é direito roubar a vida de alguém assim; tocando-a com o sagrado desde seu nascimento. Por mais que ele seja privilegiado por conhecer aquilo que tantos passam a vida tentando saber; confirmar se realmente existe. É egoísta obrigá-lo a conviver com uma consciência tão grande... Como olhar para o banal a partir de então? Como não sentir uma eterna satisfação por aquilo que dá sentido a sua vida, e pode acabar com ela ao mesmo tempo, numa unidade de tempo desconhecida? Isto é uma injustiça com esta pobre alma.
Quem decide isto? Quem decide quem serão aqueles portadores da palavra? Eles escolhem isto em algum momento? Tenho certeza que sim. A intuição existe e não há como se negar. Antes de embarcarem onde viverão, aceitam sua missão como quem aceita onde irá dormir naquela noite. Aceitam, e quando abrem os olhos pela primeira vez a esquecem. Restando apenas uma intuição, uma saudade pelo desconhecido, uma angústia em realizar uma tarefa invisível, uma voz ao fundo... cantando. Como deixá-la inteligível? Como ganhar a permissão de realizar sua tarefa de forma consciente?
Há pequenas brechas, fendas no destino. Talvez achando uma delas se obtenha alguma resposta. Ah sim, foi assim da ultima vez; por baixo das pernas, assim é que foi. Mas talvez não tenha sido rápida o bastante em me esconder quando a brecha foi fechada, e acabei sendo pega. Posso estar sendo punida desde então, mas não me lembro, não tenho consciência, porque assim não querem.
Os sinais não param de aparecer, mas como sair deste circulo vicioso do conforto e cair onde tanto se quer?

Barbara

quarta-feira, 4 de julho de 2012

Negação interna

“Mais doido do que uma salada de frutas”

Quando a gente gosta, a gente mente.
Eu nunca minto. Nunca.
Só quando gosto.

Quando a gente gosta, mente.
Mas eu não minto, nunca.
Só quando gosto.

Minto ou omito?
Se omito que gosto, minto.
Então eu minto.

Só quando gosto.
Quando a gente gosta, a gente mente.


*

Diagnostiquei que é melhor não falar.
Se não, pode escoar.
Tenho medo de arriscar um pensamento,
uma ideia,
E gastá-la, sem se quer tê-la desenvolvido.
Tenho medo que ela não aconteça,
por ter quebrado o pacto do silêncio
com o destino.

*

Fiz uma conta, uma operação matemática com minhas frases – sempre faço, aliás. Coloquei todas as frases, orações e textos, um em cima do outro, como em um varal matemático.
Então, somando e subtraindo, achei todas as palavras em comum que nele havia.
Fiz o mesmo com um dos meus autores favoritos.
O resultado? Mostro no próximo post.



Barbara