quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Uma boa história

Contar uma história é como dançar, iniciar uma coreografia muito bem harmonizada, e fazer com que aqueles que lhe assistem, só enxerguem a leveza e a facilidade com que você se movimenta. Sem saber das eternas dificuldades, que você passa.

Eu não estou falando de contar histórias para crianças, para velhinhos ou trabalho voluntário. Estou me referindo às segundas-feiras que você quer contar o final de semana para o seu colega de trabalho, ou quando você inicia um relato engraçado na faculdade, ou durante a aula que você quer fazer o seu comentário sobre alguma experiência...
Bem, eu aprendi na marra como contar histórias cotidianas.
Eu falo muito, é verdade. Sou uma pessoa que geralmente faz muitos relatos em roda, é verdade. Mas sempre procurei ser sucinta e rápida, duas qualidades que aquele que irei relatar não possui. Sempre me preocupei em as pessoas se entediarem com minhas histórias, ou perderem o foco de atenção.
Em um emprego anterior, houve um momento em que minhas funções me obrigaram á 5 dias por semana, de 6 á 8hs por dia, ficar sentada numa mesa na companhia de mais uma pessoa, apenas mais uma pessoa - Prefiro não nomear os bois. Ele tinha uma política um pouco diferente da minha, no ato de contar histórias. Ele não contava histórias... Não, ele saboreava histórias, curtia até a ultima sílaba que ele poderia pronunciar... Legal? Não muito. Por exemplo:
Aquele breve relato que contamos em 3mins, poderia durar no mínimo 15mins na voz deste indivíduo. Um final de semana, não seria contado em fatos pontuais e detalhado apenas no fato principal, não, nunca! Uma heresia! Ele seria saboreado de preferência em tempo real! Você ficaria sentado em frente a este homem – menino – 4h30min ouvindo pacientemente tooodo o relato.
Quem me conhece sabe o tamanho da minha ilustre paciência. Exato, que paciência?! No começo eu ficava o apressando com “Hammm!!”, “sei, e dai?” e coisas do tipo. Armas inúteis que só faziam meu adversário – sim, porque nessas horas era uma batalha – seguir com mais lentidão aquela arte. Com o tempo vi que era melhor ficar calada e só interagir quando ele ficasse impaciente por eu não estar participando. Infelizmente, isto só me fazia estrebuchar na cadeira, quem sabe até babar de um lado de impaciência.
Porém, com o tempo, de tanto eu me “impressionar” com aquelas exageradas descrições, ou aquelas histórias de durações excessivas, acabei “copiando” aquela mania. Sim, dizem que quanto mais a gente se choca com alguma coisa ou mais nos impressionamos, tendemos a copiar aquilo e repetir. E assim o fiz, - não me culpem, um ano com esse acumulo semanal de horas, não tem pra ninguém – houve vezes em que eu estava contando algo para um amigo ou minha família, e me perguntavam: “Nossa, mas por que você está demorando tanto?” Pois é.
Moral da história? Não tem nada a ver com o que eu estava dizendo.
A moral é que hoje ele é um dos meus melhores amigos; que eu descobri que contar histórias pode ser uma arte, tanto de tortura quanto de admiração; descobri que a convivência faz milagres, pois ou vai ou racha; e que no próximo levante social que eu liderar, vou chamar o Guilherme – ops – para ensinar como acabar com o maior numero de soldados repressores, através da Tortura da Contação.

Barbara

3 comentários:

  1. li e reli umas 10x
    não me divertia assim a tempos.. obrigado!

    ass. anonimo

    (eu ia assinar como tecnico em contabilidade. Sabe pq?
    pq dai eu seria um contador..)

    ResponderExcluir
  2. Que bonito! Adorei, e adoro ouvir suas histórias Bárbara! Conte mais, conte mais! :D

    ResponderExcluir
  3. Pois é!
    Olá!
    Sou a vítima atual deste Contador.
    Achei que nas férias universitárias estaria livre, ou 'de férias'desta terrível arma, triste engano!
    Não tinha ninguém para servir de Ouvido, sim, Ouvido, ao ilustre Contador. Eis que o mesmo ,me coagiu a estudar francês com ele lá na casa do chapéu!

    Bêm que vc, Barbara, me alertou, em territórios ChupaPadrianos, do perigo presente na convivência com o Contador.

    Vida que Segue!

    ResponderExcluir