Eu não estou falando de contar histórias para crianças, para
velhinhos ou trabalho voluntário. Estou me referindo às segundas-feiras que
você quer contar o final de semana para o seu colega de trabalho, ou quando você
inicia um relato engraçado na faculdade, ou durante a aula que você quer fazer
o seu comentário sobre alguma experiência...
Bem, eu aprendi na marra como contar histórias cotidianas.
Eu falo muito, é verdade. Sou uma pessoa que geralmente faz
muitos relatos em roda, é verdade. Mas sempre procurei ser sucinta e rápida, duas
qualidades que aquele que irei relatar não possui. Sempre me preocupei em as
pessoas se entediarem com minhas histórias, ou perderem o foco de atenção.
Em um emprego anterior, houve um momento em que minhas
funções me obrigaram á 5 dias por semana, de 6 á 8hs por dia, ficar sentada
numa mesa na companhia de mais uma pessoa, apenas mais uma pessoa - Prefiro não nomear os bois. Ele tinha uma política um
pouco diferente da minha, no ato de contar histórias. Ele não contava
histórias... Não, ele saboreava histórias,
curtia até a ultima sílaba que ele poderia pronunciar... Legal? Não muito. Por
exemplo:
Aquele breve relato que contamos em 3mins, poderia durar no mínimo
15mins na voz deste indivíduo. Um final de semana, não seria contado em fatos
pontuais e detalhado apenas no fato principal, não, nunca! Uma heresia! Ele
seria saboreado de preferência em tempo real!
Você ficaria sentado em frente a este homem – menino – 4h30min ouvindo
pacientemente tooodo o relato.
Quem me conhece sabe o tamanho da minha ilustre paciência.
Exato, que paciência?! No começo eu ficava o apressando com “Hammm!!”, “sei, e dai?”
e coisas do tipo. Armas inúteis que só faziam meu adversário – sim, porque
nessas horas era uma batalha – seguir com mais lentidão aquela arte. Com o
tempo vi que era melhor ficar calada e só interagir quando ele ficasse
impaciente por eu não estar participando. Infelizmente, isto só me fazia estrebuchar
na cadeira, quem sabe até babar de um lado de impaciência.
Porém, com o tempo, de tanto eu me “impressionar” com aquelas
exageradas descrições, ou aquelas histórias de durações excessivas, acabei “copiando”
aquela mania. Sim, dizem que quanto mais a gente se choca com alguma coisa ou
mais nos impressionamos, tendemos a copiar aquilo e repetir. E assim o fiz, -
não me culpem, um ano com esse acumulo semanal de horas, não tem pra ninguém – houve
vezes em que eu estava contando algo para um amigo ou minha família, e me
perguntavam: “Nossa, mas por que você está demorando tanto?” Pois é.
Moral da história? Não tem nada a ver com o que eu estava
dizendo.
A moral é que hoje ele é um dos meus melhores amigos; que eu descobri que contar histórias pode ser uma arte, tanto de tortura quanto de admiração; descobri que a convivência faz milagres, pois ou vai ou racha; e que no próximo levante social que eu liderar, vou chamar o Guilherme – ops – para ensinar como acabar com o maior numero de soldados repressores, através da Tortura da Contação.
A moral é que hoje ele é um dos meus melhores amigos; que eu descobri que contar histórias pode ser uma arte, tanto de tortura quanto de admiração; descobri que a convivência faz milagres, pois ou vai ou racha; e que no próximo levante social que eu liderar, vou chamar o Guilherme – ops – para ensinar como acabar com o maior numero de soldados repressores, através da Tortura da Contação.
Barbara
li e reli umas 10x
ResponderExcluirnão me divertia assim a tempos.. obrigado!
ass. anonimo
(eu ia assinar como tecnico em contabilidade. Sabe pq?
pq dai eu seria um contador..)
Que bonito! Adorei, e adoro ouvir suas histórias Bárbara! Conte mais, conte mais! :D
ResponderExcluirPois é!
ResponderExcluirOlá!
Sou a vítima atual deste Contador.
Achei que nas férias universitárias estaria livre, ou 'de férias'desta terrível arma, triste engano!
Não tinha ninguém para servir de Ouvido, sim, Ouvido, ao ilustre Contador. Eis que o mesmo ,me coagiu a estudar francês com ele lá na casa do chapéu!
Bêm que vc, Barbara, me alertou, em territórios ChupaPadrianos, do perigo presente na convivência com o Contador.
Vida que Segue!