domingo, 9 de junho de 2013

Uma boca, duas vozes

- Ontem recebi uma visita. Não sei se conseguirei falar.
- Todos os exagerados são insignificantes.
- Falar menos sobre pouco, e mais sobre muito.
- Peço desculpas.
- Cai no erro de maximizar pequenas coisas.
- Perdão.
- Por transformar individualismos em maioria.
- Não foi a intenção.
- Pensar que a dor pode ser coletiva.
- Suplico.
- Deveria ter guardado para mim.
- Não se repetirá.
- A prepotência de me achar fresco.
- Juro, que não se repetirá.
- A arrogância de me achar relevante.
- Perdeu a qualidade, eu entendo.
- Afastei-me do olhar que abarcava os detalhes.
- Estou envergonhado. ‘Bora.
- Foi uma fase ruim. Todos tem, pensando bem
- Não diga mais meu nome.
- Quero proibir-lhe de me ser um assunto.
- Ignore-me.
- De me ocorrer tantas vezes.
- Não me leia.
- Ao ouvir de mim mesmo, desfaleço-me.
-          
- Ao ter excessiva consciência do presente.
- Ignorância intrínseca.
- Ao ter certeiras visões.
-  Crueldade sem fim.
- É, o tempo.
- O tempo.


[leia junto leia separado]


*



Eu diria se fosse verdade
Pra ti, passado, se ainda existisse
Eu diria se fosse verdade.


Agora é diferente,
penso com meus músculos;
quero saber até onde posso correr,
o que pode me sustentar,
e o quanto devo carregar.
Passado fique ai, que eu já vou já.


Se sentir pertencer
a algo que nunca se fez parte
Dar satisfação ao que nada espera
Há de se desvincular
daquilo que nunca se esteve vinculado.


O que até ontem não existia
hoje lembro ao acordar.


Onde nada habitava
hoje, parece preenchido
pelo vácuo retorcido,
que do peito ao estomago puxa,
ansiedade, quase um estrangeirismo

Desvinculo-me do que inexistiu
Penduro-me no desconhecido
Raciocínio invertido.


Da cabeça para o estomago
uma lógica verdadeira.






Barbara

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